A nossa
história começa a ser escrita quando ainda habitamos o útero. A escolha do
nome, os preparativos, os sentimentos que provocamos naqueles que nos
esperam... enfim, nascemos e a história segue seu curso.
As
primeiras vivências das crianças são registradas pelos adultos em sua volta. No
livro não é escrito somente o que acontece com a criança, mas o que acontece em
seu ambiente. Nele é colocado como os adultos se comportam, como eles cuidam da
criança, como resolvem suas próprias questões, como é o humor deles, como olham
para criança, como lidam com as dificuldades, como se comportam em relação a
vida e ao outro... tudo isso está anotado e faz parte da construção do lastro
emocional da criança.
Quando maiores, mais independentes, pegamos nosso livro e arriscamos registrar algumas coisas. Durante vários anos de nossas vidas diversas pessoas irão interferir na nossa história. Algumas vão escrever coisas maravilhosas, outras vão borrar determinadas páginas, há também os incríveis protagonistas que colocarão os pontos mais marcantes, os que desempenharão o papel de vilão, sem falar nos inesquecíveis amigos e nos familiares e professores fantásticos presentes nos melhores capítulos, ainda existem os que rabiscaram coisas quase insignificantes...
E
num determinado momento de nossas vidas, quando nos sentimos capazes de
escrever nossa própria história, pegamos nosso livro com tantas páginas já
escritas e tomamos posse dele. Nesse momento indiscritível, pegamos não somente
o lápis, mas também a borracha e fazemos as edições possíveis.
Se
não olharmos com amor para nosso livro e apertá-lo contra nosso peito e dissermos
para nós mesmos: esse é o registro da minha vida, mesmo que eu não goste de
tudo que está aqui tudo é verdadeiro, apesar de não aceitar algumas palavras,
de evitar algumas imagens, estou aqui, portanto, sou capaz de promover
mudanças. Posso tentar tornar as coisas melhores, ou não posso? Posso acreditar
na minha vontade de viver dias melhores e aprender a lidar com as coisas que
não são legais da minha vida e seguir em busca dos caminhos que me levam aos
lugares que eu escolho.
O
mais importante é tentarmos deixar de lado os lamentos, as queixas e dar espaço
ao perdão e a esperança.
Que o seu livro tenha capítulos com finais satisfatórios.
E se um capítulo não terminar muito bem que no capítulo seguinte você consiga
fazer novos ajustes.
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